quarta-feira, 12 de novembro de 2008

escrevi meio na raiva, acho que ainda vou melhorar muito....mas acho também que precisamos encher o saco e ocupar espaços com muita habilidade e rapidez....só para servir de inspiração nem que seja para que não se repita mando o que escrevi e enviei nessa madrugada!
Prezado Deputado, sei que o Senhor e os demais membros desta comissão tem sido bombardeados com pedidos para que se proibam apresentações de animais em circos. Venho lhe solicitar que tenha o bom senso de fazer exatamente o contrário! Primeiramente gostaria de me apresentar: Sou Alice Viveiros de Castro, atriz, diretora, estudiosa da história do Circo, já tendo publicado dois livros sobre o assunto: /O Circo no Brasil/, em que colaborei com o grande escritor Antônio Torres, publicado pela Funarte e /O Elogio da Bobagem - palhaços no Brasil e no Mundo/, patrocinado pela Petrobras. Nos últimos 25 anos tenho a honra de ter acompanhado o desenvolvimento do circo no Brasil e no mundo. Fui a única brasileira a ser jurada em um Festival Mundial de Circo, o de Wuqiao, na China. Chefiei a Delegação Brasileira presente ao XXI Festival du Cirque de Paris. E visitei a convite o Ringling's Brothers, Barnun and Bailey Circus nos EUA e o Cirque du Soleil no Canadá. Desde 1997 organizo no Brasil a Seleção de Artistas brasileiros para o Cirque du Soleil. E, em 2007 fui empossada como Conselheira do Conselho Nacional de Política Cultural do Ministério da Cultura. Conheço a História das Artes Circenses, conheço a História do Circo no Brasil e no Mundo e, infelizmente tenho acompanhado de perto esta campanha sórdida e preconceituosa que Organizações Privadas em nome de defenderem os "pobres animais" tentam conseguir montar seus parques privados com o investimento alheio.Tiram do circo animais que ali vivem há anos, lá tem seus donos/amigos, muitos lá nasceram, e os levam para seus "santuários ecológicos", grandes parques privados e muito lucrativos. Pois, Sr. Deputado, é disso que se trata. Há quem queira de graça os animais que custaram muito caro aos donos de circo. Simples assim. Os artistas circenses, e seus antepassados os saltimbancos, foram os primeiros seres humanos a dominarem a arte de lidar com grandes e estranhos animais. Temos notícias no Egito antigo em que diante do imperador eram apresentados animais exóticos e feras que obedeciam aos comandos dos seus tratadores: leões, panteras, ursos simbolizavam a imensidão do Império. Em Roma passava-se o mesmo. O Circo Romano não era apenas um local de sacrifícios de gladiadores e cristãos sendo dilacerados por leões, era também o local onde Roma exibia aos cidadãos todo o seu poder apresentando ao povo animais nunca antes vistos. Assim foi durante milênios. Os primeiros especialistas em animais de grande porte foram os circenses. Os primeiros adestradores de pequenos animais foram circenses. Os primeiros veterinários foram circenses... As Companhias que rodaram o mundo durante o século XIX eram costumeiramente chamadas "Grande Companhia Zoológica e Acrobática", e no Brasil tomaram o carinhoso nome de "circo de cavalinhos". Assim ainda dizia meu avô, "circo de cavalinhos". A primeira exibição de feras no Brasil se deu no atual Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, na época Theatro São João, no dia 5 de outubro de 1857, quando Mme Labarrére apresentou sua coleção de leões, tigres e leopardos. De lá para cá muita coisa mudou. Hoje existem formas modernas de se treinar os animais e muitas delas foram desenvolvidas por circenses. Cito aqui o nome de um artista que deveria ser homenageado neste país que escolheu para viver: Professor Doutor George Laysson, domador e veterinário com Doutorado em Animais de Grande Porte, funcionário do Circo Garcia por muitos anos e professor da Escola Nacional de Circo até ser aposentado compulsoriamente. ... Se ele estivesse entre nós explicando como se conquista um elefante, como se seduz um leão e como se pode enganar o público que pensa que os bichos tem mêdo do homem quando ali estão apenas dois artistas trabalhando juntos, entretendo juntos. Sr. Deputado, queremos regulamentar a situação dos animais nos circos. Não queremos mais viver pressionados por fiscais inescrupulosos, menos ainda por gananciosos donos de parques e coleções particulares. Peço ao Deputado que reflita. Que nos dê tempo de nos defendermos, de defendermos uma profissão que trás tanta alegria às crianças. Talvez o senhor tenha ido ao circo em criança e tenha, como tantas outras crianças compreendido melhor os bichos vendo-os tão próximos a nós. Há quem diga que para isso existem os zoológicos. Mas quantos zoológicos existem por este país? Os circos viajam. os circos encantam. E quanto aos animais domésticos... não posso compreender que o adestramento de cavalos seja uma categoria olímpica mas esteja proibido nos circos; que brinquemos em casa de ensinar pequenos truques aos nossos cães mas que profissionais não possam adestrá-los para o divertimento de todos. Enquanto nas nossas roças bois puxam seus carros e aram a terra, lembro aos ilustres deputados que na Índia os elefantes são animais de transporte e trabalho. E Camelos há milênios fazem o mesmo nos desertos. E assim poderia passar horas falando de tantos e tantos animais: cobras, llamas, leões. Cada qual tem suas necessidades e merece um tratamento especial. É isso que queremos: REGULAMENTAÇÃO e não PROIBIÇÃO Por fim, me coloco à disposição para colaborar com esta comissão no sentido de defender os animais e seus maiores protetores: os circenses! saudações acrobáticas Alice Viveiros de Castro